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"Autarcas da CDU visitaram há poucos dias uma unidade de fabrico de refeições escolares. Ali pudemos tomar contacto com o processo de produção e acondicionamento das refeições dirigidas às nossas crianças. Não é descabido, portanto, que se faça aqui referência a um filme de animação – o Ratatui – no qual um exigente jurado da atribuição de estrelas Michelin desfaz a rigidez da sua face ao provar um prato que lhe sabia aos cozinhados da sua mãe. A alimentação é, portanto, matéria das emoções, construtor de boas e más memórias. Mas é mais – é fornecedor de energias e criadora de hábitos alimentares saudáveis. Não está em causa o balanço proteico e vitamínico do que é servido para satisfação de critérios técnicos, importantes mas não absolutos. O que está em causa é aquilo de que passamos a vida à procura – do melhor paladar, da mais agradável textura, da maior satisfação alimentar. Quando se diz “cozinha caseira” para atrair clientes para os restaurantes estabelece-se um princípio que é precisamente o que negamos às nossas crianças. Mas não foi sempre assim. Foi possível, ao longo de muitos anos, antes da fúria externalizadora, cozinhar a uma escala que possibilitasse conciliar a qualidade da alimentação como o recurso à produção local, o emprego de pessoas com a responsabilização que resulta da proximidade entre quem cozinha e quem come, a adequação dos menus às especificidades das populações escolares; a introdução programada e acompanhada do peixe e das saladas, desfavorecidos concorrentes da indústria da fast-food. Chama-se aqui a atenção para o problema e assinala-se a luta, a continuar, pelo regresso às carreiras escolares diferenciadas, pela aproximação das cozinhas às escolas e agrupamentos, pela responsabilização das instituições escolares pela alimentação, ali matéria de educação como qualquer outra."

20161130 REFEIÇÕES ESCOLARES