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O PCP voltou ao contacto com a população de Cantanhede um ano volvido dos incêndios de 15 de Outubro. Foi possível fazer um ponto da situação no terreno, revisitando explorações agropecuárias e empresas da região que sofreram consideráveis prejuízos. Constatou-se que há ainda demasiados problemas por resolver.

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Numa das explorações agropecuárias visitadas, os prejuízos ascenderam a mais de 70 mil euros, em virtude da morte de 25 cabeças de gado bovino de raça marinhoa e da destruição de alfaias, equipamentos e infraestruturas agrícolas. Em virtude da desinformação que grassava e da falta de apoio das entidades que geriram os processos de candidatura, os proprietários, de idade elevada, acabaram por não conseguir qualquer apoio – nem projecto, nem simplificado. Estão agora confrontados com a difícil situação de perda de rendimentos e capacidade de restabelecer o perfil produtivo da sua pequena exploração.

Já no caso de uma outra exploração, foi realizada candidatura a projecto via PDR2020 para restabelecimento do potencial produtivo no valor de 24 mil euros. Obtido parecer favorável em 21 de Fevereiro apenas para 20 dos 24 mil euros pretendidos, até hoje não houve qualquer outra informação ao candidato, nem tão-pouco chegou ainda o contrato para efectivação do projecto. O produtor em questão contactou por diversas vezes a linha de apoio que lhe foi indicada, mas nunca foi atendido por um operador. Apenas encontrou uma gravação e nunca foram respondidas as tentativas de contacto.

Quanto à reunião com a administração da Sanindusa – Indústria de Sanitários, SA, foi um momento importante para perceber os avanços na reconstrução das instalações que albergavam, à data de 15 de Outubro, 139 trabalhadores. O investimento total para recuperação da unidade da Zona Industrial da Tocha andará na ordem dos 25 milhões de euros. Avançada a parte do seguro e de capitais próprios, a expectativa cai na importância de não ocorrência de atrasos no reembolso das despesas adiantadas por conta dos 25% de diferença entre o prejuízo avaliado pela CCDR e o pagamento efectuado pelo seguro, montante que se constitui no apoio concedido através do REPOR2020.

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Por fim, no encontro com a população realizado na Junta de Freguesia da Tocha, foi possível auscultar diversas preocupações, designadamente, a falta de resposta a diversos pedidos de apoio simplificado (inferiores a 5 mil euros). Apesar do preenchimento e entrega de papéis, a realidade é que várias pessoas não obtiveram qualquer palavra relativamente ao seu caso. Foi denunciada a falta de apoio de sucessivos governos à agricultura familiar e à defesa da floresta. Foi possível constatar o sufoco dos pequenos produtores florestais com o preço muito baixo da madeira, sendo sentida a falta de rentabilidade económica da exploração agrícola e florestal, bem como o abandono do mundo rural. Foi também referida a depauperação dos serviços públicos ao nível da agricultura e da floresta, assinalando-se a importância da existência da Guarda Florestal.

O PCP deixou a todos a disponibilidade para acompanhar os lesados nas suas justas reivindicações e o compromisso de intervir para a resoluções dos problemas concretos e para a alteração de fundo das políticas que contribuíram para a situação que foi gerada a 15 de Outubro de 2017.