Boa noite,
É uma honra estar aqui com Mário Nogueira, mandatário distrital da CDU, e, através dele, com todas as professoras e professores que construíram, constroem e construirão a escola pública democrática, com todos os servidores públicos que protegem o SNS ou a Segurança Social. Sem um movimento sindical forte, não há Estado social forte.
É um privilégio estar aqui com Teresa Costa do PEV e sabemos como o PEV faz falta na AR. Esteve sempre na vanguarda da questão das alterações climáticas, com diagnóstico e proposta, aliando questão ecológica à social, antecipando o slogan: fim do mundo, fim do mês, a mesma luta.
É uma enorme satisfação estar aqui com Fernando Teixeira, o melhor advogado que podemos ter dos interesses do povo deste distrito na Assembleia da República.
Finalmente, é com uma imensa alegria que partilho o palco com Luísa Baptista da JCP – a juventude não se resume aos betos endinheirados da IL – e com Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, “porto seguro”, como gosta de dizer, ao longo de 103 anos de combate a todas as direitas, de luta por uma democracia que se quer avançada e a avançar.
Paulo Raimundo tem usado outra metáfora ao longo desta campanha em crescimento – “choque salarial”. É uma metáfora tão justa e tão poderosa que o PS se sentiu obrigado a usá-la.
Porquê um choque salarial, porquê uma defesa de um aumento de dois dígitos dos salários? A realidade bruta explica as nossas razões. Entre 1999 e a atualidade, os salários reais cresceram 11,9%, mas a produtividade do trabalho cresceu 23,9%. Esta diferença representou automaticamente uma transferência de rendimentos do trabalho para o capital. As trabalhadoras e os trabalhadores estão apenas, através da CDU, a exigir o que lhes pertence.
Um choque salarial ajuda a quebrar o círculo vicioso da economia portuguesa: baixa pressão salarial, mercado interno comprimido e falta de incentivo para o investimento empresarial produtivo. Os empresários podem mentir, mas não mentem no inquérito do INE: não é por causa dois impostos que não investem, mas por causa das “expetativas de vendas”. Os salários são uma fonte de procura.
Tudo começa e acaba nas relações sociais mais importantes, nas laborais, ali onde se cria tudo o que tem valor. A transferência de rendimentos do trabalho para o capital resultou de décadas de reduções dos direitos laborais e de correlativo aumento dos direitos patronais. Temos de fazer justiça a quem trabalha, aumentando o seu poder, reduzindo a discricionariedade patronal.
E tudo isto, porque a CDU parte de uma hipótese tão generosa quanto realista: as trabalhadoras e os trabalhadores deste país fazem o melhor de que são capazes nas circunstâncias que são as suas. A nossa tarefa indeclinável é a de contribuir para humanizar as suas circunstâncias e desenvolver as capacidades populares.
Viva a CDU, viva o povo trabalhador, viva Portugal.