Para os agricultores é necessário haver apoios para o escoamento e armazenamento de cereais, nomeadamente de milho e arroz bem como preços justos para o agricultor.Também no sector leiteiro o preço do litro do leite está a baixar ainda que os custos de produção continuem a aumentar.
A par do esmagamento do preço pago aos agricultores, os preços ao consumidor não param de subir, bem como os lucros da grande distribuição.
É preciso inverter esta situação, valorizando quem trabalha e quem produz, defendendo a soberania alimentar e a produção nacional.
O preço do milho na produção não ultrapassa os 220€, quando há um ano era vendido a 335€/tonelada. Os produtores de arroz que no ano passado venderam a 700€/tonelada, agora não ultrapassam os 500€/tonelada. Mas os consumidores continuam a pagar estes produtos cada vez mais caros!
O arroz, que nos hipermercados ultrapassa o 2 €/KG, é vendido pelo produtor a 0,50 €/KG, ou seja, a distribuição fica com mais de 75% do valor na venda do produto. Por outro lado os produtores de arroz são obrigados a semear 120 Kg de semente certificada por cada hectare de arroz, que têm um custo superior a 2€/KG.
No que toca ao milho, apesar de melhorias nas últimas semana, ainda existem situações de agricultores com dificuldades de escoamento, sem possibilidade de o entregarem nas cooperativas. Os agricultores atribuem esta situação às importações principalmente da América do Sul.
A manutenção desta situação conduzirá a que mais e mais produtores abandonem a actividade, com consequências para a capacidade produtiva e para soberania alimentar do país. Os elevados preços dos fatores de produção foram apontados como outro grande obstáculo para os produtores. Também aqui não se entende o processo de construção dos preços. Por exemplo os preços dos adubos não param de crescer, quando os ingredientes para a sua fabricação estão muito mais baratos, como é o exemplo da ureia.
Dados de Outubro de 2023 mostram que o preço pago por litro de leite à produção desceu 0,11 € em cinco meses, estando anunciados novos cortes. Neste mês os preços pagos à produção variavam entre os 0,45 e os 0,50 €/litro., quando há 5 meses antes andavam entre os 0,55 e os 0,60 €/litro.
Tendo havido um aumento nos custos de produção, subiu o custo do gasóleo, das sementes e da palha para os animais.
No que toca à produção de leite, num Estudo da Cadeia de Valor do leite UHT, no âmbito do recém-lançado Observatório de Preços Agroalimentar, é que a indústria e distribuição mantêm sempre margens positivas, e quando há prejuízo é sempre dos produtores.
A realidade retratada nesse estudo é que se verificou durante um longo período de tempo um preço de venda de leite inferior aos custos de produção.
Os preços estão a cair nos Estados-membros da UE e os produtores estão a ser forçados a fechar as portas.
Entre outras medidas, os produtores reclamam do Ministério da Agricultura e do Governo:
1 - Que o Governo acione os mecanismos Nacionais e Europeus para que a partir de 2024 entre Setembro e Dezembro (altura do escoamento nacional) se façam apenas as importações necessárias de milho e de arroz , até que a produção nacional seja escoada.
2- Que seja criada uma linha de apoio para armazenamento do milho e do arroz
3 – Controlo dos preços dos fatores de produção.
4 - É preciso que a União Europeia e o estado Português acordem e acionem medidas de emergência de compensação aos produtores de leite , para evitar que o mercado europeu do leite entre em colapso.
A delegação da CDU solidarizou-se com os produtores, manifestou o seu empenho na protecção da produção nacional e dos pequenos e médios agricultores, enquanto agentes fundamentais na promoção do desenvolvimento do país.