SAÚDE A passagem da Urgência a serviço básico, anunciada para 1 de Julho, é mais um passo no rumo de desqualificação e desmantelamento iniciado em 2011 e cujo avanço só a luta tem retardado.
A despromoção para SUB (serviço de urgência básico), comunicada recentemente pela administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, «confirma o que há anos os profissionais e os sindicatos vêm afirmando, quanto ao desmantelamento, à desqualificação e diminuição da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde» e «só pode ter como consequência a drástica diminuição da capacidade assistencial no SNS, com o desmantelamento de uma estrutura a todos os títulos válida, sem que se tenha demonstrado que é dispensável».
Esta posição foi subscrita conjuntamente pela União dos Sindicatos de Coimbra (CGTP-IN), o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, o Sindicato dos Médicos da Zona Centro, o Sindicato dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, o Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Actividades Diversas e o Sindicato da Hotelaria do Centro, que no dia 8 reafirmaram, em nota à comunicação social, o apelo à participação no «cordão solidário».
Para hoje, dia 18, pelas 17 horas, na Praça da República, em Coimbra, o Movimento de Utentes dos Serviços Públicos anunciou uma acção sob a consigna «Defesa do SNS – Valorização do Hospital dos Covões, Valorização dos Cuidados de Saúde Primários, Continuados e Paliativos». O MUSP adiantou que a concentração, cumprindo normas de distanciamento físico, terá um momento de tribuna pública, «com microfone aberto aos representantes das Comissões de Utentes da saúde e aos sindicatos do sector».
Apelando «à união e luta de todos os cidadãos», o MUSP salientou que o Hospital dos Covões «é uma unidade de importância regional, confirmada pelo papel que teve no combate à epidemia de COVID-19», e defendeu que «é imperioso restituir a autonomia a este hospital, assim com às unidade hospitalares abrangidas pela fusão no CHUC».
PCP presente e consequente
O PCP esteve presente no dia 9, «mais uma vez, a apoiar a luta contra a descaracterização do Hospital dos Covões, que se iniciou com uma fusão muito penalizadora para os oito hospitais da cidade e que teve como reflexo o esvaziamento de um hospital central que dava uma resposta muito importante em toda a Região Centro», comentou Vladimiro Vale, da Comissão Política do CC do PCP.
Num breve depoimento, no local do protesto, salientou que «a mobilização é muito importante para rejeitar um processo que visa desvalorizar o SNS em Coimbra e na região, para abrir caminho aos hospitais privados». Recordou que foi desta forma que se tornou possível impedir parcialmente uma anterior tentativa de encerramento da Urgência.
«O PCP e a CDU têm defendido a manutenção do Hospital dos Covões, para que aqui possa ser instalada a Maternidade de Coimbra», lembrou, por sua vez, Francisco Queirós, vereador do PCP na CM Coimbra. «Desde a fusão dos dois hospitais centrais de Coimbra, em Março de 2011, o Hospital dos Covões tem vindo a sofrer reveses atrás de reveses», mas «para a população da região é fundamental que haja um hospital central neste lado da cidade, ou seja, que se desfaça a fusão de 2011, contra a qual aqui estivemos, em 2012, numa acção semelhante a esta, tal como noutros momentos, contra este enorme ataque ao Serviço Nacional de Saúde, que tem vindo a favorecer os privados».
Na véspera do protesto, a CDU reafirmou as suas posições na reunião da Assembleia Intermunicipal da Região de Coimbra, exigindo «revitalizar o Hospital dos Covões, travar imediatamente o desmantelamento de serviços e reverter o processo de fusão do CHUC». «Como é que se pode ter tanto ódio a um equipamento que tão bem nos vem fazendo», interrogou Manuel Pires da Rocha, um dos dois eleitos da CDU naquele órgão.