Aconteceu a 11 de Novembro, um debate inserido nas comemorações do Centenário do Partido Comunista Português, intitulado “Ciência e Tecnologia ao serviço do desenvolvimento do país”. O debate contou com a presença de Ana Valente, ex-bolseira de investigação científica na Universidade de Aveiro, e membro do secretariado da direcção da organização regional de Coimbra e Nuno Peixinho, investigador do instituto de astrofísica e ciências do espaço da Universidade de Coimbra, e foi moderado por António Martins, professor catedrático na mesma Universidade.
Foi destacado o papel essencial que a ciência e a tecnologia têm, e os aproveitamentos que o modo de produção capitalista faz dos avanços científicos alcançados, que estão muitas vezes ao serviço da maximização de lucro de uma minoria, não contribuindo verdadeira ou plenamente para o desenvolvimento dos povos, económica e socialmente.
Abordou-se o caso concreto de Portugal, que mantém no horizonte, há algumas décadas, a meta de 3% de PIB para a ciência, objectivo essencial, e cuja concretização terá que ser cuidada para que o investimento público ocupe uma fatia maioritária do que será alocado. Actualmente os orçamentos do estado têm pouco mais de metade deste objectivo, com uma parte substancial a ser investido em iniciativas privadas de grande envergadura, que utilizando fundos públicos para contratar investigadores com vínculos precários, são um instrumento de perpetuação da mercantilização da ciência.
A urgência da revogação das bolsas de investigação científica, a par com a contratação destes investigadores e a sua integração na carreira é um objectivo que se impõe no curto prazo. A falta de um vínculo jurídico-laboral destes trabalhadores, a par com a quase completa desprotecção social a que estão sujeitos merece-nos o maior combate, e a resposta com soluções concretas, feitas por propostas do PCP, que têm sido sucessivamente chumbada na Assembleia da República. Ainda assim foram conseguidos avanços por via da contratação de alguns dos bolseiros, ao abrigo da Norma Transitória, que tendo constituído um passo positivo, coloca a breve trecho problemas por resolver, porque, terminados os contratos, estes trabalhadores não foram integrados na carreira respectiva, e acabam por poder ser despedidos, sem quaisquer perspectivas de futuro.
A ciência e a tecnologia só poderão estar verdadeiramente ao serviço das populações e do país, quando os trabalhadores em ciência tiverem condições de trabalho dignas, e conseguirem estabilidade no trabalho e na vida. É também esta a luta do nosso tempo, uma luta pelo futuro, alicerçada nos valores de Abril, com a confiança na justeza da luta destes trabalhadores e contando com eles na luta pela transformação da sociedade.