O Secretário Geral do PCP encontrou-se, no passado dia 15 de Junho, com representantes dos movimentos de defesa do ramal da Lousã. O encontro, onde participaram cerca de 100 populares, teve lugar na estação ferroviária de Miranda do Corvo encerrada desde 2010, ano em que a circulação no Ramal da Lousã foi encerrada. Os representantes dos movimentos deram nota do processo que encerrou um Ramal Ferroviário, que servia as populações de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã, a pretexto do início das obras de implementação do Sistema de Mobilidade Metro Mondego (MM).
Em Janeiro de 2010, iniciaram-se as obras com o arranque dos carris e a regularização do canal do Ramal da Lousã. Os utentes são desde então transportados de autocarro, por acordo com uma empresa privada. No final de 2010, invocando constrangimentos financeiros no âmbito do PEC III, a REFER ordenou aos empreiteiros a supressão dos trabalhos. As populações foram sucessivamente enganadas com a cumplicidade dos executivos autárquicos de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo.
A luta em defesa deste ramal começou há muito. A Sociedade Metro Mondego, fundada em 1996, anunciou uma solução de mobilidade que desde o início mereceu oposição das populações e do PCP, por considerarem que a sua implementação não se adequava às necessidades, desde logo pois tratava de implementar uma solução de transporte urbano numa linha de montanha.
O PCP e as populações desde o início que alertaram que o projecto MM no Ramal da Lousã constituiria uma perda para a capacidade de desenvolvimento da região, seria mais caro, com menos velocidade de circulação (aumentando o tempo de transporte em 25%), menos confortável (com menos lugares sentados), sem capacidade de transporte de mercadorias, sem ligação à rede ferroviária nacional, sem possibilidade de continuação da linha.
A persistência e a justeza dos objectivos da luta teve reflexo na aprovação em 2016 e 2017 de projectos de resolução do PCP na Assembleia da República, que se pronunciavam pela: Extinção da Sociedade MM e Devolução do seu património ao domínio público ferroviário e ao domínio municipal (Em 2016 Votos a favor: PCP, PEV, PAN; Abstenção: BE, PS, PSD, CDS) e pela Reposição, modernização e electrificação da linha do Ramal da Lousã (em 2016 votos a favor de PCP, PEV, PAN, BE, PSD, CDS; Abstenção: PS).
Várias forças políticas demonstraram, durante este processo, um percurso ziguezagueante, o que reflete também a persistência da luta. Em 2010 o PCP tinha apresentado um projecto com o mesmo teor - PS, PSD e CDS votaram contra. Em 2015 o PCP apresentou novamente o projecto, PSD e CDS votaram contra e PS e BE abstiveram-se.
O Secretário Geral do PCP e a Deputada do PCP, Ana Mesquita, também presente na iniciativa, apelaram à unidade e luta em defesa do Ramal da Lousã, Reafirmando que o transporte ferroviário é fundamental para um verdadeiro sistema de transportes, pelo lugar estratégico que ocupa na vida económica do País, assegurando a circulação de mercadorias e bens e a mobilidade das populações, com enormes benefícios para o ambiente e para o desenvolvimento sustentável ao nível local, regional e nacional.
JERÓNIMO DE SOUSA EM JANTAR/COMÍCIO SOB O LEMA VALORIZAR OS TRABALHADORES
O Secretário Geral do PCP interveio, perante uma sala cheia em Miranda do Corvo, dando nota da batalha que o PCP tem vindo a travar pela “exigência da valorização do trabalho e dos trabalhadores, quer pela iniciativa e proposta legislativa do PCP com o propósito de defender e restituir direitos liquidados ou subvertidos por sucessivos governos dos últimos anos e que tem contado nestes últimos meses com a oposição concertada de PS, PSD e CDS, quer pelo recente e negativo Acordo de Concertação Social que o Governo minoritário do PS liderou e protagonizou com as Confederações patronais e a UGT, que se impõe recusar e derrotar, mas igualmente pela acção e a luta dos trabalhadores com a grandiosa manifestação da CGTP-IN em Lisboa.”
O Secretário Geral sublinhou que a luta “se justifica e cada vez mais quando se assiste a uma sistemática posição de resistência e oposição da parte do governo do PS, em clara sintonia e convergência com PSD e CDS, à reposição de direitos liquidados com as sucessivas revisões para pior do Código do Trabalho e de outra legislação laboral nos últimos anos, mas também à reposição integral de direitos extorquidos nestes últimos anos de PECs e de políticas de exploração e empobrecimento do período de aplicação do Pacto de Agressão.”
Numa iniciativa com participação de muitos independentes, eleitos e activistas da CDU, Jerónimo de Sousa valorizou o muito do que se conseguiu no quadro da actual fase da vida política nacional, alertando que o que se conseguiu só se tornou possível numa correlação de forças em que o PS não dispõe de um governo maioritário e que, “para se ir mais longe neste caminho de reposição de direitos e elevação das condições de vida do povo, é preciso dar mais força ao PCP!”