DEPOIS DA AUSÊNCIA DE POLÍTICAS, A PANDEMIA
A situação pandémica que vivemos está a ter fortes impactos na vida das populações e no tecido económico por todo o país e também em Coimbra.
Conforme, desde há muito, o PCP vem afirmando repetidamente, é urgente tomar medidas de fixação da população na cidade de Coimbra. Já no que toca particularmente à Baixa, a questão é a de travar uma morte anunciada. A sobrevivência da Baixa depende da fixação de moradores, de incentivos ao pequeno comércio, da alteração de fundo na forma como se olha para a Baixa, hoje reduzida a um apenas-adereço no que já foi o coração da Cidade.
O abandono dos moradores, de consumidores residentes, arrastou consigo dezenas de negócios que os serviam, nomeadamente na área comercial. A pouco e pouco a Baixa viu-se forçada à dependência do turismo, entregando o seu presente e o seu futuro nas mãos de uma actividade económica incerta e oscilante por natureza. Por sua vez o processo de encerramento da Estação Nova, acompanhando políticas de destruição do transporte ferroviário, foi retirando das ruas da Baixa milhares de consumidores.
A situação atual viria, infelizmente, a acelerar o declínio do tecido económico da Baixa, contando-se por dezenas as lojas que encerrariam as portas. Algumas para sempre.
Ausentes os moradores em resultado de políticas locais destrutivas, ausentes os turistas em resultado da crise sanitária em curso, a Baixa ficou entregue ao abandono.
É, pois, chegado o momento de tomar medidas urgentes de aquisição de imóveis, de requalificação habitacional, invertendo pelo lado da habitação o declínio da Baixa, promovendo a fixação de população, nomeadamente jovem, essencial para a revitalização da tecido populacional mas também do tecido económico de proximidade.
NÃO HÁ INEVITABILIDADES
Ao contrário do que se vai propagandeando, é preciso afirmar que não estamos perante inevitabilidades. Para o PCP o “estado de emergência” e o “confinamento” não são inevitáveis, do mesmo que modo que não foram inevitáveis as opções políticas locais que eliminaram grande parte do tecido económico de Coimbra e tornaram o comércio local de Coimbra dependente dos fluxos turísticos.
O prolongamento do “estado de emergência” e do “confinamento” não pode ser a solução para o falhanço das demais alternativas de controlo da pandemia. O PCP considera essencial:
- garantir a protecção sanitária de quem, presencialmente, continua a garantir o funcionamento de serviços essenciais, tanto na deslocação para o trabalho como nos locais de trabalho.
- apoiar a manutenção do emprego e o pagamento de salários a 100%, apoiar os desempregados, as MPME, os sócios-gerentes, os trabalhadores informais e com vínculos precários, as famílias com filhos à sua guarda, entre muitos cidadãos em situação de vulnerabilidade.
DETER A PANDEMIA, RELANÇAR A VIDA
O PCP considera que proteger os trabalhadores que continuam a trabalhar, defender o emprego, apoiar os desempregados e as MPME significa também tomar medidas que permitam reabrir, o mais rapidamente possível e em condições de segurança sanitária, as actividades que foram encerradas. É essencial fomentar a reabertura urgente das escolas, o retomar das actividades culturais e desportivas, a laboração da restauração e do comércio. Em segurança. Retomar a vida em segurança é a grande prioridade perante a situação que vivemos, perante os desafios que temos pela frente.
Defender o emprego é também travar os contágios, criando condições para que o descontrolo na propagação da Covid-19 não se repita no futuro. É preciso avançar com a vacinação, intensificar o rastreio e a testagem de contactos, reforçar o número de profissionais nas equipas de saúde pública do SNS, responsáveis pelo trabalho de identificar, isolar e testar contactos.
É fundamental diversificar os pontos de aquisição de vacinas, garantindo a sua disponibilização em condições de segurança e eficácia, visando o cumprimento dos objectivos definidos no plano nacional de vacinação.
ESTA COIMBRA PARA O FUTURO
A pandemia veio pôr a descoberto as muitas insuficiências na organização do nosso país, da saúde ao aparelho produtivo, da habitação à proteção dos idosos, dos serviços públicos ao comércio, do emprego à proteção social.
Este é o momento para corrigir erros estratégicos e romper com um rumo que tem desprezado as actividades produtivas e aprofundado dependências.
Também em Coimbra, este é o tempo de olhar com seriedade para aqueles que são os principais défices e estrangulamentos, mas também para observar os recursos e potencialidades existentes. É tempo de preparar o futuro.
Fevereiro, 2021
A Comissão Concelhia de Coimbra do PCP