Permitam-nos que aqui possamos trazer uma saudação aos autarcas democratas de Coimbra que, de forma unânime, felicitaram o Partido Comunista Português por ocasião da celebração do seu Centenário. Esta não é uma efeméride estranha à nossa presença neste órgão de poder local democrático. A democracia portuguesa, longe de ser uma dádiva do destino, resultou de uma luta persistente, em condições de grande violência que, também em Coimbra, contou com o contributo decisivo de muitos democratas, comunistas e não comunistas.

 

O discurso raivoso é dirigido aos novos desempregados, como no caso da Eurest, que no Dia Internacional da Mulher anunciou um novo despedimento coletivo de 146 trabalhadores - 141 dos quais, mulheres -, “trabalhadores das cantinas, bares, vending e cafetarias de fábricas, institutos púbicos, incluindo o IFFP, faculdades publicas e privadas, escolas, estações ferroviárias, CTT, áreas de serviço e restauração pública”. O discurso antidemocrático colhe no descontentamento dos milhões de portugueses que, de confinamento em confinamento, vão assistindo à redução de rendimentos e economias, colhe nos novos escravizados dos callcenter, das uber eats, das glovos, dos pagantes do teletrabalho, dos precários que enchem todos os dias as novas praças de jorna de um mundo crescentemente indigno e eficazmente desinformado.

Por isso é que instituições como as autarquias assumem crescente importância social, podendo e devendo intervir em áreas como a alimentação infantil, criando e protegendo postos de trabalho, mobilizando a produção local, num mundo cada vez mais precisado de encurtar os caminhos entre o produtor e o consumidor, promovendo a estabilidade das vidas – objetivo maior da democracia. No momento de emergência em que, como nunca antes, o Estado e as suas instituições revela o seu papel decisivo na proteção ou no abandono das populações – por cá e por todo o mundo – permanecemos do lado do reforço do papel do Estado contra qualquer medida que possa significar a sujeição, nas áreas essenciais, a qualquer tipo de interesse que não seja o interesse público.

 

 

Caros Concidadãos:

Temos razões para acreditar que o segredo da longevidade de um partido está na capacidade que tenha de ser corpo e porta-voz do desejo milenar da felicidade. Por isso temos razões para estar confiantes no projeto de conquista daquilo a que Álvaro Cunhal definia como “as mais amplas liberdades”, em que a democracia por que tanto se continua a lutar é um instrumento fundamental. Desenganem-se os que consideram que a liberdade é um dado adquirido. Enquanto perdurar a incerteza da água, da saúde, da educação, da mobilidade, do trabalho, da habitação, dos serviços públicos, perdura a incerteza da liberdade. Enquanto permanecer quimera uma maternidade, um Hospital Central, a sobrevivência de micro, pequenas e médias empresas, permanece a ameaça à liberdade.

Na comemoração de 100 anos de vida na luta pela democracia, plantámos bandeiras na cidade usando, afinal, a liberdade que é também conquista dos comunistas portugueses. Não ignoramos o ódio que a democracia pode despertar naqueles que, inconformados ou iludidos, rasgam bandeiras como quem sonha noites de cristal. O que retemos, porém, é a saudação dos democratas que nos sabem parceiros, no acordo e na diferença, no debate pela construção do nosso mundo.