Um ano de Urgência 24 horas no Hospital dos Covões - Não pode voltar atrás
O Hospital Geral dos Covões, cujo desmantelamento ao longo dos últimos anos tem vindo a depauperar, constitui uma unidade de saúde indispensável ao Serviço Nacional de Saúde, como aliás a pandemia veio evidenciar.
O serviço de urgência do Hospital dos Covões esteve encerrado no período nocturno desde 2012 até 2020 quando reabriu no dia 23 de Março por via da pandemia.
Este encerramento, parte da estratégia concertada de ataque ao SNS, aconteceu logo após o processo de fusão do megalómano Centro Hospital e Universitário de Coimbra, cujos objectivos sempre foram claros para o PCP, que sempre denunciou a sobrecarga dos serviços que restaram, a degradação do serviço prestado e das condições de trabalho, lutando para a reversão deste processo.
Este período foi especialmente favorável à expansão do negócio privado da doença, que abriu várias unidades ao lado de Hospitais Públicos, fornecendo os serviços que o SNS foi encerrando, extraindo da saúde os seus dividendos, num negócio concertado e lucrativo, acessível a cada vez menos.
Em 2020, a pandemia COVID-19 veio pôr em evidência o desinvestimento do SNS ao longo das últimas décadas, com a necessidade de uma clara reversão de muitos processos em curso. Não tendo sido o suficiente para despoletar a necessária reversão da fusão dos CHUC (projecto de resolução pela reversão entregue pelo PCP em 2016, 2018 e 2020, estando o último em discussão na Assembleia da República), tornou-se imperativo reabrir a urgência nocturna do Hospital Geral dos Covões.
Depois da luta das populações com o apoio do PCP e após 8 anos de encerramento, a urgência voltou a reabrir a partir das 20 horas, há um ano (a 23 de Março de 2020) preenchendo uma lacuna na saúde de Coimbra, reivindicada muito antes da pandemia.
Agora, um ano depois, importa garantir que não se verificam retrocessos, e que a urgência continua aberta também no período nocturno, por ser essencial e imprescindível para garantir o direito à saúde, para aliviar a sobrecarga dos serviços no Hospital Universitário de Coimbra, garantindo não só um melhor serviço, mas potencialmente melhores condições de trabalho, que só serão alcançadas com políticas estruturais que o PCP defende e propõe, de valorização do trabalho e dos trabalhadores e reforço do SNS.
O PCP continuará a acompanhar de perto esta situação, alertando para a necessidade de manter este serviço aberto, garantindo a autonomia do Hospital dos Covões, bem como o seu reforço, continuando a bater-se pelo cumprimento do direito constitucional à saúde, incompatível com a lógica privada da doença.
A Direcção da Organização Regional de Coimbra