CDU reúne com Confederação Nacional da Agricultura - CNA
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Intervenções de Jorge Seabra e Manuel Rocha na apresentação dos candidatos às eleições legislativas 2022
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No dia 14 de Dezembro realizou-se a apresentação dos candidatos CDU às eleições legislativas de 2022. A iniciativa contou com a intervenção de Jorge Seabra, mandatário distrital da candidatura, e Manuel Pires da Rocha, primeiro candidato.
As duas intervenções estão transcritas abaixo:
Jorge Seabra:
Caros camaradas do PCP, representantes de Os Verdes e amigos sem partido:
É uma honra, para mim, ser mandatário da lista da CDU, agora candidata à AR por Coimbra, e permitam-me rememorar o passado, como velho militante da há mais de meio século, sem cultivar veteranismos que o PCP combate, porque vive virado para o futuro.
Deixem-me, no entanto, relembrar uma verdade que vai sendo esquecida, a que associo sempre alguma emoção nestes inícios de campanha:
É que se hoje temos eleições, quem mais se sacrificou para que isso fosse possível, foi o PCP.
E, é bom lembrá-lo, isso não aconteceu por acaso. Tem uma marca de classe, dos que mais trabalham, dos que mais persistem, dos que mais resistem, porque são mais explorados e perseguidos, mas sabem que têm o futuro do seu lado e um projecto de sociedade diferente.
Estas eleições recordam-me que fui candidato da Oposição por Coimbra nas eleições de 1973. Uma campanha dura difícil, na Ditadura, já com a primavera Marcelista acabada, em condições terríveis, só possível com o PCP.
Fui ainda, mandatário da lista do PCP nas primeiras eleições livres, para a Assembleia Constituinte, em Abril de 75.
Perdoem-me, pois, que, sem esquecer os Verdes, sublinhe o PCP e a sua continuada luta pela Democracia, não só política, mas também social e económica, e que, há pouco, comemorou a heroica fuga de dirigentes seus da prisão de Caxias, no carro blindado de Salazar.
De facto, quem conhece a nossa história, partilhada depois com o pioneirismo ambientalista de Os Verdes, deve ter sorrido ao ler o artigo de Miguel Sousa Tavares num dos últimos Expressos (4-12-21): “temos à esquerda, o nervoso e a ansiedade, cada dia mais indisfarçável, do PCP e do BE, aterrorizados perante um eventual desamparo do PS e um castigo do seu eleitorado pela forçada chantagem orçamental.”
Pelo BE não falo, mas quanto a nós, posso descrever o que vejo:
Estamos aqui, aflitos, a tremer, aterrorizados com a perspetiva do desamparo do PS, e a bater os dentes com medo do castigo por nos termos portado mal, desesperados com o que nos espera, a pensar nos cargos, tachos e empregos que com certeza vamos perder…
Há, na realidade, uma campanha instalada para o regresso a uma das diversas formas de Bloco Central – um coro dos media falando do combate da “direita mais à direita” com políticas de direita, da assumida necessidade de apagar a influência do PCP e da esquerda no PS, evitando a reversão das malfeitorias da troika - reduzindo o debate político ao seu grau zero, empolando táticas e manhas do centrão para a repartição do poder, as pequenas nuances das personagens e as quezílias caseiras, as alianças possíveis para instalar o já testado e maléfico “arco da governação” PS -PSD.
Isto evitando sempre falar do que realmente importa, o que cada partido defende sobre o que interessa ao povo e aos trabalhadores portuguese, a forma como cada partido votou e vai votar a política salarial, a tributação dos rendimentos, as mais valias do capital, as leis laborais, a caducidade dos contratos colectivos que favorecem o grande patronato, os benefícios fiscais dos grandes e os impostos que esmagam o trabalho e as micro e pequenas empresas, o futuro do SNS que estrangulam em favor da grande privada, da escola pública tão maltratada e em risco de ficar sem professores, o plafonamento e as tentativas de privatização da Segurança Social, ameaçando o futuro das pensões e pensionistas .
Discute-se a exaustão o acidente do ministro Cabrita ou a fuga e prisão de Rendeiro, mas não a abertura das patentes da vacina, o garrote do Tratado Orçamental, que a pouco democrática EU - símbolo do neoliberalismo e da “austeridade” que impôs e impõe aos pequenos - os preguiçosos PIGS na sua visão xenófoba e colonial – impõe, ou os condicionamentos e intrusões na soberania que vêm com os fundos do tão louvado PRR, que, segundo eles, nos salvará do atraso e estagnação a que o euro nos condenou.
E agora o advento do “verde”, mas o verde dos arranjinhos da transição energética, da digitalização, da modernidade dita “sustentável”, porque tudo o que é preocupante e sensibiliza o cidadão eleitor, é fácil de aproveitar para o fazer pagar, sem saber o que paga e a quem paga, como se fosse possível defender o bem comum sem acabar com o egoísmo predador das classes dominantes, das vacinas da Big Pharma - que a UE subsidiou para agora comprar a preços especulativos num negócio opaco mantido no maior secretismo – à floresta da Amazónia.
No discurso da direita, tudo, no futuro, se reduz às tão repetidas “reformas estruturais”, velho chavão onde escondem os cortes de direitos, os despedimentos, a manutenção dos salários baixos, o assistencialismo caritativo, a tributação mínima das grandes empresas e grandes fortunas, os off-shores que acolhem a corrupção e os lucros indevidos, o estrangulamento do “Estado Social” e a redistribuição injusta da riqueza.
É nesse quadro que também agora aflora a opção direitista do PS, ao reactivar o ataque ao SNS com a recente proposta de Estatuto do SNS que contém medidas que ainda o desestruturam mais, ao arrepio do espírito progressista esboçado na Lei de Bases de 2019, votada pela esquerda.
Se fosse para reforçar o SNS, o PS teria o apoio de que precisava, mas não quis. Optou, com a direita, por ser contra ele, tentando enganar as pessoas com as palavras ocas do discurso, de que é exemplo o conceito de “dedicação plena” representando precisamente o contrário.
E temos a Ministra da Saúde Marta Temido, à frente da lista do PS aqui em Coimbra, abençoando o desastre que constituiu a fusão-CHUC, a destruição dos Covões, o afunilamento da nova Maternidade na cerca sobrelotada dos HUC, degradando um dos polos de diferenciação da cidade, de há muito conhecida como centro de excelência pelos seus serviços públicos de Saúde.
O PCP tem cem anos, os Verdes têm quarenta, mas não põem velhos contra novos, nem novos contra os velhos, nem brancos contra pretos, nem lusitanos contra ciganos, nem emigrantes contra nativos, nem funcionários públicos contra privados, nem empregados contra desempregados, nem precários, contra estáveis, nem hétero contra homo, nem homo contra animais.
Esse é engano “fracturante” que outros vendem, misturando o gato com a lebre, acrescentando a pitada necessária de anticomunismo, diariamente distribuído e cultivado, em que assenta todo o esquema.
Se o PCP é centenário, o preconceito anticomunista tem ainda mais anos, com Ditadura ou sem ela, porque é uma das maiores armas da direita, em que embarcam boa parte dos que se dizem de esquerda, fazendo com que, consciente ou inconscientemente, muitos defendam e votem em interesses que não são os seus.
É esse enviesado condicionamento das mentes, que é alimentado nos debates e noticiários da TV, da Quadratura do Círculo ou Circulatura do quadrado, agora Principio da Incerteza, ao Eixo do Mal, ao Último apaga a luz, à Sexta e os outros dias da nova CNN, aos comentários de Marques Mendes, de Júdice, de João Soares, de Poiares Maduro, de Manuela Ferreira Leite e similares, em que o PCP ou os Verdes não existem. Mem mesmo na noite das eleições autárquicas. Há sempre uma indisfarçada censura, transformada em normalidade. Na comunicação social, à esquerda do PS, pouco existe e só quando dá jeito. À esquerda do BE, nada, ou quase nada.
Os candidatos da CDU têm, por isso, enormes dificuldades. Mas não têm dívidas ao capital, contas em offshores, não são amigos de Ricardo Salgado ou de Rendeiro, não saltam da política para conselhos de administração de bancos e empresas, não têm negócios com as PPP, não aparecem nos Panama Papers, nos Pandora Papers ou em outros papers do género.
E não nada ganham com os cargos políticos que possam vir a ocupar, não só porque são pessoas sérias e com provas dadas na luta ao lado dos trabalhadores, mas também porque, mesmo que o queiram e o tempo as mude, afastando-se dos interesses do povo e do país, as regras definidas e aceites não o permitem, coisa raramente citada por quem tanto fala das formas de combater a corrupção na política.
Os canditados da CDU, não estão, por isso, angustiados, à espera dos resultados, para saberem se têm emprego ou mordomias, que lhes assegurem o futuro.
Porque, adaptando uma frase feita, o seu futuro é o trabalho por um mundo melhor e os trabalhadores portugueses não se têm dado mal com isso.
E porque já falei de mais, passo a palavra ao Manuel Pires da Rocha, que todos conhecem pela sinceridade e seriedade com que se empenha na luta, um homem bom e brilhante, qualidades que também lhe veem da educação e dos genes (para além do músico de excelência que é), e que fará, melhor do que eu, a apresentação dos candidatos.
Manuel Pires da Rocha:
Legislativas 2022 - Coimbra - Lista da CDU
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A CDU divulga a lista completa às eleições legislativas de 2022.
1. Manuel Pires da Rocha, 58 anos, músico (PCP)
Professor de violino no Conservatório de Música de Coimbra.
Integrou comissões para a reforma do Ensino Artístico Especializado.
Desempenhou funções directivas nos Conservatório de Coimbra (2015-2017) e de Loulé (2018/2019). Integrou a TAUC e o GEFAC e é membro da Brigada Victor Jara desde 1977.
Membro da Assembleia Municipal de Coimbra e da Assembleia Intermunicipal da CIM – Região de Coimbra.
Dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro.
Membro da Comissão Concelhia de Coimbra do PCP.
2. Inês Carvalho, 38 anos, bolseira de investigação científica (PCP)
Investigadora em Estudos Literários, com bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Licenciada em Direito e Mestre em Direito Constitucional.
Funcionária do PCP entre 2006 e 2018, e advogada entre 2008 e 2020. Membro da Assembleia Municipal de Coimbra entre 2003 e 2005 e eleita na Assembleia de Freguesia de Santo António dos Olivais, durante o mandato de 2017-2021, pela CDU.
Membro da Direcção Regional de Coimbra do Partido Comunista Português.
3. Filipa Malva, 44 anos, cenógrafa e arquitecta (PCP)
É doutorada em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra e Mestre em Espaço de Performance pela Universidade de Kent. Tem desenvolvido trabalho regular como cenógrafa, figurinista, artista cénica e desenhadora.
Nos últimos anos tem sido responsável pela cenografia e figurinos d’ O Teatrão, da Trincheira Teatro, GEFAC, entre outros. É membro fundador da Associação Portuguesa de Cenografia e investigadora do Grupo de Estudos de Dança do centro de investigação INET-md. É dirigente nacional do CENA-STE. É Membro da DORC do PCP e do Sector Intelectual de Coimbra do PCP.
4. Paulo Coelho, 49 anos, Técnico de Emergência Pré-Hospitalar (PEV)
Dirigente associativo, Activista na área do ambiente e agriculturas sustentáveis e Membro do Colectivo do PEV de Coimbra.
5. Laura Tarrafa, 30 anos, Técnica de Ambiente na Confederação Nacional da Agricultura (CNA). (PCP)
Membro do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), membro da direcção da MARP - Associação das Mulheres Agricultoras e Rurais Portuguesas e membro da Comissão Concelhia de Coimbra do PCP.
6. Paulo Ferreira, 57 anos. Operário (PCP)
É Dirigente Sindical do SITE-CN. Foi coordenador da União dos Sindicatos da Figueira da Foz. É Membro da Comissão Concelhia da Figueira da Foz do PCP e da DORC do PCP.
7. Francelina Cruz, 61 anos, Auxiliar de Acção Médica nos Hospitais da Universidade de Coimbra (PCP)
Dirigente do Sindicato dos trabalhadores da Funções Públicas e Sociais do Centro. Faz parte da Direção Nacional da Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens. Membro da Direção Regional do Movimento Democrático de Mulheres. Membro da Direcção da Organização Regional de Coimbra do PCP.
8. Adérito Araújo, 55 anos, Professor Associado no Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra (Independente)
Membro do grupo de Análise Numérica e Optimização do Centro de Matemática da Universidade de Coimbra. Foi vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática entre 2016 e 2018, e membro da Direcção do Centro Internacional de Matemática de 2011 a 2015. Actualmente, é o Presidente do Consórcio Europeu para a Matemática na Indústria, Foi durante vários anos, director da Gazeta de Matemática, continuando, actualmente, no seu conselho editorial.
9. Rui Mendes, 46 anos, Advogado (PCP)
Membro do Conselho de Deontologia de Coimbra da Ordem dos Advogados.Foi membro do Conselho Directivo da Faculdade de Direito da UC. Antigo repúblico “Ninho dos Matulões”. Foi Vice-Presidente da Associação Académica da UC, Membro do senado da Membro do Sector Intelectual de Coimbra do PCP.
10. Cláudia Campos, 22 anos, estudante (JCP)
Estuda Engenharia Informática na Universidade de Coimbra e faz parte da Juventude Comunista Portuguesa desde Fevereiro de 2021.
11. Daniel dos Reis Nunes, 32 anos, professor e produtor cultural (PCP)
Foi membro do Executivo da União das Freguesias de Abrunheira, Verride e Vila Nova da Barca entre 2013 e 2017 e da sua Assembleia entre 2017 e 2020. É ainda membro do Conselho Municipal da Juventude de Montemor o Velho, cargo que ocupou também no concelho da Figueira da Foz. Pertence e participa ainda em diversas associações e organizações locais.
12. Dulcineia Guerra (Neia), 41, professora de saxofone no Conservatório de Música de Coimbra (independente)
Deu aulas de saxofone em diversos escolas de artes e de musica da Região, filarmónicas, em particular em Penacova e Lorvão. Para além destas escolas e conservatórios na região de Coimbra, lecionou nos Conservatórios de Faro, Portalegre, Ponte de Sôr, Sousel, Belmonte, Covilhã e Castelo Branco.Membro dos Insax Quartet; Saxofonista na Orquestra de Jazz do Centro; Membro da Big Band da cidade de Viseu; Fundadora do colectivo de música contemporânea Coolab Contemp; Fundadora e Membro da Orquestra de Saxofones do Dão.
13. António Baião, 56 anos, Controlador de Caixa (PCP)
É Dirigente sindical do Sindicato de Hotelaria do Centro. É Membro do Conselho Nacional da CGTP-IN. Eleito da CDU na Assembleia de Freguesia de Buarcos e S. Julião. É Membro da Comissão Concelhia Direcção da Organização Regional de Coimbra do PCP.
14. Eufémia Catarina Santos, 42 anos, operária (PCP)
É Dirigente Sindical do SITE -CN. Foi Militar. É Eleita da CDU na Freguesia de Anobra - Condeixa-a-Nova. É Membro da Comissão Concelhia de Condeixa-a-Nova do PCP.