Decorreu ontem, dia 3 de Novembro, no mini-auditório Salgado Zenha, o debate sob o tema “Ecologia, luta de classes e luta pelo equilíbrio ambiental” que contou com a participação de Mariana Silva do conselho nacional e da comissão executiva do Partido Ecologista “Os Verdes”, Ricardo Ferraz, bolseiro investigação científica e membro da JCP, Vera Ferreira, doutoranda em Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável (ICS-ULisboa) e Vladimiro Vale, da Comissão Política do Comité Central do PCP.
Neste debate foram abordados vários temas ligados à questão ambiental, nomeadamente a incapacidade do capitalismo para resolver os problemas ambientais, agravando-os através das falsas soluções que apresentam, para manter e legitimar a mercantilização dos recursos naturais.
A submissão de Portugal à União Europeia e aos seus ditames condiciona o país a regras e mecanismos que servem no seu essencial para beneficiar grandes grupos económicos, taxar as camadas mais desfavorecidas e aplicar medidas apelidadas de “verdes”, cujo propósito neoliberal é muitas vezes indisfarçável. O negócio das licenças de carbono, cuja aplicação, como já foi provado, veio aumentar as emissões de CO2, revelam os interesses do grande capital, potenciando as ânsias colonialistas e legitimando a continuação da exploração desenfreada de recursos.
Destacaram-se algumas questões essenciais como a luta pelo controlo público de sectores estratégicos como garantia da soberania e de uma efectiva justiça social e económica, sendo imprescindível para a determinação de políticas ambientais consequentes.
Também a mobilidade foi discutida, bem como o papel que o Progama de Apoio à Redução Tarifária (PART) teve na redução de emissões, sendo que o caminho deve ser pela gratuitidade dos transportes colectivos e pela defesa da ferrovia como medidas profundamente amigas do ambiente. A destruição da ferrovia que temos visto um pouco por todo o pais e os projectos privados que lhes estão a dar lugar e que o MetroMondego é exemplo, provam que as opções tomadas nas últimas décadas constituem projectos políticos de favorecimento do negócio privado, que o PCP e rejeita e combate.
A agricultura familiar tem um papel essencial na ocupação do território, na dinamização da economia local, na preservação da biodiversidade, e a sua defesa é a garantia de um país mais justo, mais soberano, mais desenvolvido e mais sustentável do ponto de vista ambiental em contraste com o agro-negócio e com as políticas de acumulação de terra seguidas há decadas prr PS/PSD/CDS.
O reforço dos meios do Estado é essencial, e o PCP e “Os Verdes” têm tido várias propostas nesse sentido. A desestruturação dos serviços públicos levada a cabo ao longos dos anos (como é o caso
do ICNF ou da APA) e o crónico desinvestimento abre a porta aos privados, cujos objectivos de produção e acumulação de riqueza são incompatíveis com a defesa da Natureza. O negócio feito com a privatização da água e dos resíduos em muitos municípios do país constitui mais um retrocesso no acesso a direitos universais, degradando serviços, degradando condições de trabalho e aumentando os tarifários ao consumidor.
A obsolescência programada é outra ferramenta do capital para o incremento e manutenção do ritmo de vendas, estabelecendo “prazos de validade” (em data anterior àquela que a tecnologia e os materiais actualmente disponíveis permitem) nos produtos vendidos, não permitindo a substituição de componentes e obrigando a um consumo evitável, estimulando a sobreprodução e contribuindo para a acumulação de riqueza de grandes grupos económicos, com a conivência de sucessivos governos.
Por fim, abordou-se também a necessidade luta pela paz, que constitui também uma luta ambiental. Na realidade, não há processo mais poluidor e mais degradante da condição ambiental que o negócio da guerra, ligado também à indústria do armamento.
A luta consequente em defesa do equilíbrio ambiental será sempre uma luta anti-capitalista. A JCP, o PCP e o PEV estão fortemente comprometidos, desde sempre nesta luta!
Uma delegação do PCP reuniu hoje com o Reitor da Universidade de Coimbra, professor Amílcar Falcão. Na reunião foram abordadas as preocupações partilhadas relativamente ao subfinancimento crónico das Instituições de Ensino Superior, que resulta em inúmeros constrangimentos para trabalhadores e estudantes, e está a sofrer um agravamento com o aumento do custo de vida. Só com a perspectiva de aumento do custo de energia a UC poderá ver a sua factura aumentar de 3 milhões para 8 milhões de euros por ano.
A perspectiva de outro corte em sede de Orçamento do Estado para 2023, coloca graves entraves à subsistência da Universidade de Coimbra, que ainda assim continua a apresentar resultados positivos no que diz respeito à investigação e docência, fruto do trabalho dos seus investigadores e docentes em condições muitas vezes precárias. Neste momento as verbas do Orçamento do Estado apenas cobrem cerca de 80% dos salários dos trabalhadores da UC, ficando de fora todas as outras despesas associadas ao funcionamento desta IES, recaindo muitas vezes o ónus sobre estudantes e famílias.
A necessidade de revisão do RJIES (cuja concretização está atrasada vários anos, de acordo com a lei), bem como a necessidade de alterações de fundo no Ensino Superior, principalmente no que diz respeito ao seu financiamento foram pontos fulcrais, tendo também sido discutido o emprego científico e a falta de verbas para o potenciamento do Sistema Científico e Técnico Nacional.
Foi também discutida a questão da acção social, com o imperativo da construção de mais residências em curso, com destaque para a questão das cantinas e da importância dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra (SASUC) se manterem na esfera pública, e da necessidade de conseguirem dar resposta às necessidades dos estudantes, adaptando-se e aumentando a sua capacidade sempre que necessário.
O regulamento de prestação de serviço docente foi também debatido, tendo sido garantido que deste não resultaria a sobrecarga lectiva dos docentes, situação que o PCP continuará a acompanhar e a intervir sempre que necessário. O regulamento que seguirá para debate não poderá contribuir para potenciar a precariedade já instalada um pouco por todas as instituições de ensino superior. Ao invés disso, deveria ser um elemento de valorização dos trabalhadores, e por conseguinte de valorização da própria Universidade de Coimbra.
O PCP continuará a bater-se por um Ensino Superior Público, universal, gratuito e de qualidade, e em defesa do Sistema Científico e Tecnológica Nacional. Esta luta passa também pela defesa da Universidade de Coimbra como instituição de referência e na defesa dos seus trabalhadores e estudantes.