PCP denuncia dificuldades no contacto com o CHUC
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O Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC) tem vindo paulatinamente a dificultar as linhas de contacto entre utentes e o CHUC, tornando bastante complexa a marcação ou alteração de exames e consultas. Esta situação, já identificada anteriormente, agravou-se com a epidemia Covid-19, causando naturais constrangimentos a doentes com patologias não-Covid.
Estas dificuldades não estão desligadas na fusão dos Hospitais de Coimbra, que resultou, tal como o PCP alertou, no encerramento de serviços, na degradação dos serviços existentes por sobrecarga dos trabalhadores e na deterioração generalizada dos serviços prestados. Simultaneamente vimos crescer em Coimbra o negócio privado da doença, dando por vezes “resposta” a especialidades que acabavam de fechar no SNS, denunciando uma estratégia concertada.
Adicionalmente, lamenta-se que os recursos humanos do CHUC apenas funcionem durante o período da manhã, decisão tomada há dois anos atrás, por via da epidemia, mas que o desenvolver da situação sanitária já teria permitido reverter há muito tempo. Um serviço que serve mais de 7000 trabalhadores e que é urgente e necessária a sua re-abertura pelo período integral, tal como acontecia antes de março de 2020.
A desumanização, baseada num distanciamento entre utentes e o seu centro hospitalar, e entre os seus trabalhadores constitui um elemento negativo para a prestação de cuidados de saúde, que se quer próximo das pessoas. A defesa do SNS é também a defesa dos seus trabalhadores e dos seus utentes. O PCP continuará a bater-se em defesa do Serviço Nacional de Saúde, universal, geral e solidário na construção de um modelo de desenvolvimento da região e do país justo e solidário.
Inaceitável limitação da actividade sindical no CHUC
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O PCP tomou conhecimento do impedimento de contacto com trabalhadores das Maternidades de Coimbra (Maternidade Bissaya Barreto e Maternidade Daniel de Matos) por parte do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Centro. Lembramos que nos termos da lei o Conselho de Administração do CHUC foi informado da respectiva acção, inserida na Semana de Igualdade promovida pela CGTP.
É inaceitável o caminho que o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra tem vindo a traçar no sentido do impedimento do exercício de direitos, liberdades e garantias, tentando impedir a actividade sindical. Esta situação constitui um grave ataque aos direitos dos trabalhadores e à actividade sindical.
Fonte do CHUC, nomeadamente através da directora do Departamento de Ginecologia, Obstetrícia, Reprodução e Neonatologia, disse não haver impedimento do contacto por parte das delegadas, desde que não houvesse a entrada nos edifícios em questão. Esta resposta é inaceitável e demonstra um imenso desrespeito pelos trabalhadores, pelos sindicatos e pela acção em causa, assinalando o Dia Internacional da Mulher.
O PCP relembra que a epidemia tem vindo a ser utilizada como pretexto para limitações inaceitáveis, cujo objectivo é apenas colocar constrangimentos à organização dos trabalhadores e à reivindicação dos seus direitos.
O PCP não deixará de tentar esclarecer esta situação, questionando o Governo quanto aos factos sucedidos, batendo-se intransigentemente pela defesa dos direitos, liberdades e garantias, em defesa dos trabalhadores e dos seus direitos.
O PCP, os Católicos e a Igreja
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No passado dia 24 de fevereiro, teve lugar no auditório do Instituto Justiça e Paz o debate «O PCP os Católicos e a Igreja», organizado pela Organização Regional de Coimbra do PCP. Participaram como oradores Edgar Silva e Sérgio Dias Branco. A moderação ficou a cargo de Manuela Pinto. Esta iniciativa juntou mais do que 50 pessoas e demonstrou a importância deste tema, quer para a discussão interna, quer para a convergência e unidade com os católicos que querem fazer avançar a democracia em Portugal e defender a soberania nacional.
Manuela Pinto lembrou a posição independente e resoluta do PCP sobre a ligação aos trabalhadores crentes, nomeadamente a orientação da «mão estendida aos católicos» definida na década de 1940. Foram ainda destacados os contributos de Álvaro Cunhal em diversas intervenções escritas com o objectivo de aproximar e até atrair católicos ao PCP, como forma de ligarem a participação política às convicções humanistas que professavam como cristãos.
Edgar Silva lembrou o trabalho unitário desenvolvido por comunistas e católicos ao longo da história dos mais de 100 anos do PCP. Referiu ainda que desde os primórdios o PCP contou nas suas fileiras com militantes e dirigentes oriundos de meios católicos. Mais uma vez foram sublinhadas as contribuições clarificadoras de Álvaro Cunhal sobre esta matéria, em particular, a distinção entre os católicos e a hierarquia da Igreja Católica e a caracterização do catolicismo como não sendo uma ideologia. A própria Igreja, desde o «aggiornamento» do Concílio Vaticano Segundo, actualizou a sua posição, inclusive em relação ao socialismo.
Sérgio Dias Branco comentou as relações entre o marxismo e o cristianismo, desmontando alguns preconceitos. Trouxe para a discussão exemplos de cristãos, em particular da chamada «teologia da libertação», que utilizaram o marxismo para analisar as contradições da sociedade capitalista. Assumindo a centralidade da ligação entre a fé e a prática (praxis), decidiram participar na transformação e superação dessa sociedade. O conflito e antagonismo entre classes é o resultado da lógica exploradora do capitalismo de maximização do lucro e da acumulação da riqueza em poucas mãos. É uma «economia que mata», usando a expressão do Papa Francisco.
Embora a questão da incompatibilidade entre a crença religiosa e a colaboração com ou adesão a uma força política como o PCP, que nunca advogou uma posição anti-religiosa, nem devesse ser colocada, a verdade é que essa ideia permanece em maior ou menor grau. É fruto da uma campanha anticomunista, muito dirigida aos católicos durante os tempos do fascismo, que deixou marcas ainda por apagar. Encontros como este promovem a clarificação sobre o tema, chamando a atenção para a longa tradição do «comunismo cristão» com raízes nas primeiras comunidades cristãs. Ao mesmo tempo, procuram o sublinhar o passado de cooperação entre comunistas e católicos e contribuir para um futuro de amizade e acção comum no sentido dos valores de Abril, da soberania, da justiça social, do progresso e da paz.
Vê aqui o debate completo: https://www.youtube.com/watch?v=oxJgWRHc1y8