Delegação do PCP, com a deputada Ana Mesquita, reuniu com representantes sindicais dos trabalhadores dos Hospitais de Coimbra. Foram abordadas as consequências e problemas que derivam de uma fusão dos hospitais que desestruturou equipas, encerrou serviços e diminuiu as condições de trabalho. A descaracterização do Hospital dos Covões, abriu caminho ao negócio da saúde e sobrecarregou o SNS. O encerramento de Arnes e Lorvão afectou a capacidade do SNS no âmbito da saúde mental. Ficou claro que a falta de condições para os trabalhadores, significa menos condições para a prestação dos serviços e logo menos condições para os utentes. O PCP reafirmou a sua posição de sempre contra a fusão das unidades hospitalares de Coimbra.
Delegação do PCP, com a deputada Ana Mesquita, em contacto com agricultores em Formoselha, Montemor-o-Velho. Abordando a necessidade de concluir a obra hidroagrícola do Mondego, mas também a necessidade investimento na manutenção, monitorização e limpeza regular dos leitos e estruturas da obra, para minorar os efeitos de futuras cheias. Os agricultores queixam-se de falta de resposta às suas questões e alertas. As estruturas públicas perderam capacidade, meios humanos e materiais. Os sucessivos governos têm caminhado no sentido da desresponsabilização do Estado nesta área. É urgente o reforço da estruturas públicas de maneira a poder responder aos problemas de uma obra essencial para o aparelho produtivo da região.
Este é mais um momento em que a nossa democracia está à prova. O Hospital dos Covões é, hoje, um símbolo da vontade democrática de sobrevivência de um centro hospitalar que foi marcado para morrer.
Mas a permanência da cimeira vontade de encerramento do Hospital conta com a oposição de quase Coimbra inteira e a Comunidade Intermunicipal em que o concelho se inclui. Opõem-se à desmontagem do Hospital a Assembleia Municipal, a Câmara Municipal, as Assembleias e Juntas de freguesia, opõem-se à medida quase todos os partidos e movimentos políticos, organizações da cidadania, a secção regional da Ordem dos Médicos, os sindicatos dos médicos, dos enfermeiros e dos demais trabalhadores da saúde. Se há assunto em que Coimbra reúna a quase unanimidade, o Hospital dos Covões é esse assunto.
Não se percebe, portanto, que valores mais altos se levantam – mais altos do que os da democracia - para prosseguir a fusão hospitalar e a desmontagem paulatina de todos os serviços do Hospital dos Covões. Não sabemos que interesses ocultos se abrigam sob a satisfação de interesses de SIGIC’s e outras engenharias de garantir que o Estado financia expansões que não sejam as do Serviço nacional de Saúde. Mas sabemos que a região de Coimbra tem visto diminuir a capacidade de prestar cuidados a nível da saúde mental, cuidados de saúde primários, capacidade laboratorial, atendimento nas urgências.
O caso do Hospital dos Covões é um exemplo vergonhoso de morte anunciada e, de algum modo consentida. Não fora a recente crise sanitária, em que o Hospital foi a nossa trincheira, e talvez pudesse continuar a sangria, agora forçando a despromoção da urgência medico-cirúrgica para o patamar de urgência básica. Mas não. Desta vez o coro de recusa foi vigoroso e volumoso, ultrapassando a indignação profissional e institucional, ecoando finalmente nas vozes dos cidadãos.
Não é a primeira vez que vimos a esta tribuna defender o Hospital dos Covões. Mas desta vez a razão é maior, porque mais ampliado é o eco. Carece perguntar, porém, de que lado estão os deputados eleitos por Coimbra? De que lado está a Ministra da Saúde, que aqui recebeu o mandato de deputada, assim obrigada a representar os eleitores que a escolheram? De que lado está a ARS? De que lado está o Conselho de Administração dos CHUC, ao longo de uma década executor de uma desprogramação de rumo certamente definido, mas ocultado? De que lado estão os que repudiam a luta surda de cátedras mofosas, que fazem da exclusividade ensinadora a matéria das suas vaidades? De que lado estão os que defendem o nascimento em segurança das nossas crianças e recusam campeonatos de protagonismo serôdio? De que lado está o Governo da República no tabuleiro onde se jogam os interesses do Serviço Nacional de Saúde?
Caros deputados municipais:
Portugal inteiro precisa dos cuidados de saúde que os hospitais de Coimbra prestam desde sempre, e de forma superior desde a criação do Serviço Nacional de Saúde. Não se trata, como bem referiu Carlos Cortes, da secção regional da Ordem dos Médicos, “a desqualificação do ‘Hospital dos Covões’, e agora do seu serviço de urgência, desqualifica sobretudo Coimbra e a sua região. A perda de valências numa sangria permanente, a falta de recursos humanos e tecnológicos, a desvalorização de uma instituição que contribuiu para a imagem da região têm um impacto muito maior do que os limites geográficos do distrito”.
E prossegue: “Tudo o que se decide sobre o ‘Hospital dos Covões’ tem implicações regionais e nacionais. O CHUC não é um hospital distrital como os seus dirigentes e outras personagens colocadas em centros de decisão parecem interpretar ou querer que aconteça. O CHUC é um complexo hospitalar que tem uma missão de entreajuda a todas as unidades de saúde da região Centro (mais de dois milhões de habitantes) e um importante papel a desempenhar na saúde a nível nacional”.
Portugal precisa de um centro hospitalar robusto, dentro do serviço Nacional de Saúde e vinculado aos seus objetivos. Esta é mais uma luta que, ainda por cima, bem pode confirmar o desígnio de Coimbra ser uma lição de sonho e tradição. Mesmo que haja quem ganhe a vida oferecendo-se para ser coveiro do futuro.
Basta de converseta pretensamente gestionária e pareceres de arregimentados técnicos de aluguer. Precisamos de respostas que viabilizem, recuperem e desenvolvam o Hospital dos Covões e enterrem de vez o pesadelo das fusões.