NOTA DA COMISSÃO CONCELHIA DE ARGANIL DO PCP
Sobre o projecto com o objectivo anunciado de florestação de áreas comunitárias ardidas do concelho de Arganil, liderado pelo Grupo Jerónimo Martins.
Para gerir o projecto foi criada uma associação privada designada Associação Floresta Serra do Açor, com um Conselho Estratégico, onde estão, segundo informação pública, o Grupo Jerónimo Martins a ESAC e a Câmara Municipal de Arganil.
O projecto tem um horizonte temporal de 40 anos (1) e, pelo que sabe, os detentores das áreas comunitárias visadas, ou seja os actuais órgãos de gestão dos baldios, não estão no seu Conselho Estratégico.
A Comissão Concelhia de Arganil do PCP questiona: Como é possível que os detentores da área comunitária a intervir não tenham assento no órgão que tudo vai decidir?
A Comissão Concelhia de Arganil do PCP alerta: É necessário garantir que seja respeitada a propriedade comunitária e garantir que os compartes tenham poder de decisão sobre os seus Baldios, como consagra a Lei dos Baldios.
O Grupo Jerónimo Martins é um grande grupo económico que, por mais altruístas que sejam os objectivos anunciados, visará sempre e em primeiro lugar o lucro. É necessário garantir que esteja salvaguardada a propriedade comunitária e que os Baldios sejam geridos pelos seus compartes.
São importantes projectos que venham a contribuir para o desenvolvimento de concelhos do interior. A necessidade de novos modelos de florestação, contrasta com a falta de iniciativa e de apoio do Governo e com a falta de investimento público. A desresponsabilização do Governo na política florestal não pode ser pretexto para apropriação indevida de propriedade comunitária.
Arganil, Julho 2020
(1) https://www.cm-arganil.pt/noticias/projeto-de-gestao-florestal-em-arganil-recebe-investimento-de-5-milhoes-de-euros-da-jeronimo-martins/
O PCP teve recentemente um encontro com trabalhadores da ERSUC do grupo EGF/Mota Engil, em Coimbra. No encontro, os trabalhadores abordaram problemas de discriminação remuneratória entre trabalhadores do mesmo grupo, sendo que a diferença salarial entre trabalhadores chega a atingir mais de duas centenas de euros.
Referiram também a inexistência de carreiras profissionais e de profissões que tenham correspondência com aquilo que cada trabalhador executa regularmente, o que faz com que, por exemplo, um motorista, que tem de ter documentação específica para poder conduzir, seja considerado como operador de resíduos.
Os trabalhadores denunciam a falta de critérios claros na avaliação de desempenho, que funciona na base da arbitrariedade e da permanente chantagem junto dos trabalhadores para forçar o trabalho em dias feriados e para forçar giros quase impossíveis de cumprir e sem pausas de descanso.
Os trabalhadores reclamam ainda o subsídio de insalubridade, penosidade e risco e apresentaram um caderno reivindicativo à empresa, que se recusa a negociar sobre estas e outras matérias.
Desde o primeiro momento, o PCP opôs-se e alertou para as consequências que a privatização do sector dos resíduos operada pelo Governo de PSD/CDS teria. Infelizmente, esses alertas confirmaram-se e, além de um notável decréscimo da qualidade do serviço prestado às populações, as condições de trabalho e os direitos dos trabalhadores saíram enfraquecidos.
Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais devidamente aplicáveis, solicita-se a V.ª Ex.ª que possa remeter ao Governo, por intermédio do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e do Ministério do Ambiente e Ação Climática, as seguintes questões:
1. Como analisa o Governo a situação dos trabalhadores da ERSUC, grupo EGF/Mota-Engil?
2. Que medidas vai tomar quanto às denúncias e preocupações relatadas?
3. Vai o Governo desenvolver medidas com vista à atribuição e pagamento de subsídio de insalubridade, penosidade e risco a trabalhadores que executam tarefas desta natureza?
Palácio de São Bento, 10 de julho de 2020
Deputado(a)s
ANA MESQUITA(PCP)
DIANA FERREIRA(PCP)
ALMA RIVERA(PCP)
