
MENOS PODER LOCAL - MENOS DEMOCRACIA - MENOS QUALIDADE DE VIDA
Esta lei que impõe a denominada Reorganização Administrativa Autárquica nada tem a ver com “o reforço saudável do Municipalismo”. Esta lei impõe a extinção de freguesias, reduzindo a participação política dos cidadãos, eliminando a proximidade entre os titulares de órgãos públicos e os cidadãos e pretende fundamentalmente retirar expressão e força à representação dos interesses locais.
É uma péssima lei, desnecessária mesmo em termos de cortes de despesa.
A extinção das freguesias insere-se num amplo, intenso e feroz ataque ao Poder Local Democrático. O Poder Local foi conquistado pelas populações no imediato pós 25 de Abril e veio a ser consagrado na Constituição da República. Do que se trata agora é de um ajuste de contas com a Revolução de Abril e as suas conquistas.
A lei de extinção de freguesias é uma peça de um puzzle só compreensível à luz de um quadro mais geral de intenções encapotadas, onde se inclui uma continuada e sistemática retirada de direitos, asfixia financeira das autarquias, alteração dos sistema eleitoral, etc. As finanças locais assentam cada vez mais em tributar as populações, penalizando-as e eliminando o princípio constitucional da "justa repartição entre a administração central e local dos recursos do Estado".
No momento em que por todo o País cresce a contestação o governo preparava-se também para desfigurar o sistema eleitoral com a eliminação da eleição direta das Câmaras e a imposição de um regime de executivos monocolores. As caraterísticas plurais e democráticas dos órgãos autárquicos atuais darão lugar a um regime construído sobre o poder absoluto e a falta de controlo democrático. Com ausência de transparência e potenciação de fatores de corrupção, a democracia sairá gravemente ferida.